quarta-feira, 8 de abril de 2009

Fantoches?

Tanto se fala na manipulação da mídia para se atingir a famigerada formação da opinião em um senso comum, mas parece existir uma barreira não permitindo a especulação desse tema.
A manipulação e a formação de opinião é algo debatido já a longa data. Platão define em sua teoria, no livro VII do Republica, o Mito da Caverna, considerada uma das mais poderosas metáforas para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Ou seja, os filósofos acreditam que todos nós estamos sujeitos a ver sombras a nossa frente e toma-las como verdadeiras.
A mecânica do Mito da Caverna consiste em deixar parte da humanidade presa desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, condicionados a olhar sempre para uma parede à frente. Desta forma estavam sujeitos a ver única e exclusivamente sombras de algumas pessoas, animais, vasos... Definitivamente, os habitantes só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desfazendo diante deles.
A conclusão é que depois de passar a vida observando somente as sombras, os seres passam a acreditar que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos, chamadas de ídolos por Platão, eram verdadeiras, ou seja, a sua existência passou a ser dominada pela ignorância.
Se um dia, alguém resolvesse libertar um dos habitantes ele nada enxergaria, num primeiro momento, ofuscado pela luz do Sol, e depois iria desvendando aos poucos descobrindo tudo que o cerca.

E a mídia? O que tem a ver com toda essa teoria???

Seria ela a caverna? Sim, pois dela partem todos os tipos de informações para a sociedade, que a toma como verdadeira. E o questionamento é: Haverá mesmo a necessidade de sair da caverna e descobrir o mundo que existe por de trás dos meios de comunicação, ou existe transparência em meio à informação que temos acesso?

Fica a dúvida. Comentem.

Por Marcus Fróes

2 comentários:

  1. Olá!
    Achei o texto ótimo! Aproveitaram um bom gancho das aulas de Filosofia!

    Só quero por mais uma coisa em discussão:

    Não nos esqueçamos que é natural do homem pegar verdades-inventadas, impostas por terceiros, e tomá-las para si como se fossem verdades universais.
    Feuerbach, filósofo alemão que influenciou homens brilhantes como Marx, teoriza sobre a alienação religiosa, que pode ser um ótimo exemplo para se entender esta mecânica, esta atitude totalmente humana de alienar-se em vários sentidos.
    É mais ou menos isso o que acontece na relação homem-ideologias e/ou homem-mídia.
    Se a mídia tem o poder de controlar, é porque, também, a grande maioria das pessoas nunca pensou em sair dessa caverna, em acostumar-se com a luz do sol e, tampouco, em como não ter medo de descobrir que tudo em que acreditou até hoje, possivelmente, não passava de uma farsa.

    Respondendo a questão proposta ("Haverá mesmo a necessidade de sair da caverna e descobrir o mundo que existe por de trás dos meios de comunicação, ou existe transparência em meio à informação que temos acesso?"), acho que só não vale a pena, como é essencial buscarmos a verdade em todas as suas formas.
    Aceitar e defender que há transparência absoluta nas informações que recebemos é, ao meu ver, a exteriorização máxima da ingenuidade.
    Aliás, se aqui cabe, uma das primeiras lições de um jornalista é aprender a desconfiar de tudo, apurar todas as fontes, não?


    Cíntia Alves, do Jornal em Pauta.

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